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Diario de Bordo, hierofante purpura, La Carne, PAK, Shows, Sinfonia de Cães, The Concept, Vermes do Limbo
Como nós, meros indivíduos entre 2 bilhões de pessoas, podemos mudar alguma coisa? Fazendo.
E é essa a idéia que há 10 anos move os meliantes caninos do Sinfonia de Cães. Fazer acontecer. Sem mí-mí-mí e sem xo-rô-rô. Simples assim.
Mas claro, as simples ações do dia a dia não vão virar pauta de colunista de cultura. Te enfiaram goela abaixo que a história só é contada pelos grandes. Mas não fossem os pequenos atos dos “menores”, os feitos dos “grandes” não seriam tão grandes assim. Mazomêno isso.
Fazemos história todo dia. E mesmo que você faça um lance fudido de tão legal, inovador, bacana, um projeto foda, um som foda, uma foto foda, uma história e tals, mesmo assim, nunca espere reconhecimento por isso.
Dar de ombros reclamando do sistema também não vai adiantar. À medida que nos envolvemos com a “cultura”, tendem a nos levar a crer que “as coisas são assim mesmo”, “não dá pra mexer”, “não arruma pra sua cabeça”, etc. etc. Bullshit!
A obediência – e a falta de – é coisa que cabe única e exclusivamente a nós. E os atos mais simples de subversão podem até inspirar uma revolução.
E é com um orgulho imenso que vemos os Cães há 10 anos no corre pra mostrar que tem gente não disposta a aturar o discurso do “as coisas são assim mesmo”, “não dá pra mexer” e “não arruma pra sua cabeça”.
A consciência pesada desse sistema que quer nos emburrecer é que criou gente como os selos, coletivos e tals. E mesmo que as atitudes sejam pequenas, crucial mesmo é estar em movimento.
Os caninos já fizeram festival de banda, apoio a ocupação, trabalho social, lançamento de coletânea, livro, documentário e não pára-não pára-não pára-não.
Resistência não violenta. Contra corrente, desde sempre.
Esses loucos já realizaram ações que fazem brotar lágrimas de amor nos olhos de quem acredita que ainda há solução e salvação. Mas claro, tem quem não precise de amor e precise de sucesso. Sempre tem alguém em busca de sucesso.
E quem sabe o que seria de nós se não tivéssemos trombado gente como esses maleditos caninos. Talvez tivéssemos ruído com o tempo, vai saber. Mas pô, depois de bater a cara em tudo que é canto, de se humilhar pra conseguir tocar e levar um som, já tava na hora da gente ter um pouco de sorte nessa vida, nénão? \o/
E na festa de 10 anos do Sinfonia de Cães teve de tudo. Música, teatro, fotografia, rango, brincadeiras etc. Tava o Clovis (o onipresente), Jorge (outro onipresente), a vizinhança, cachorros, crianças, Mateus Novaes, Leandro Ayuso, Gualber, Tampa, Carina, o Marco Ruiz, Marco Paschoal, Kbeça, Bea, Andy e mais uma pá de gente que os goles etílicos não permitem buscar na memória. E teve também a chuva. Choveu pra caraio. Mas a chuva só veio lavar a alma e trazer redenção.
Também teve Hierofante Púrpura tocando uma pá de som novo, The Concept e suas melodias bacanudas, PAK distruindo e uivando na praça, Vermes do Limbo com baixo e bateria mais punk que muita banda punk, e também teve a gente felizão por participar de mais essa festa. Palco invadido, microfone na mão, gritos, urros e uivos. Show de rock versão Sinfonia de Cães. Tudibão!
E qué sabê? Às vezes pensamos demais nas coisas. Às vezes somos classe média pra caralho e ficamos naquele comodismo de fazer tudo igual e aí você periga acabar virando uma caricatura de si mesmo.
Por isso, coletivos como Sinfonia de Cães, Rasgada Coletiva, Poranduba, Bequadro Mostarda, De Inverno etc. etc. etc. são necessários para fazer o contrapeso à ordem vigente. Como bem disse o Danilo do Hierofante, se o Brasil não nos trata bem, que tratemos mal ele também. E vamo que vamo!
Hay que tener cujones, cabrón!
Há coisas de sobra pra gente mudar no mundo. E trabalhar por essa mudança dá uma sensação indescritível de satisfação. Não temos a função de compreender o mundo, temos a função de mudá-lo. Mazomêno isso.
Perturbação da ordem. Um bom jeito de se levar a vida.
Bebamos ao sucesso dos Cães. Vida longa!