O primeiro show de 2014 foi daqueles que enchem você de orgulho e esperança. Isso porque, além de encontrar uma pá de amigos, ainda tivemos a honra de conhecer e tocar junto com duas bandas daquelas que você diz pra sí mesmo: “That’s I’m talking about!”.
Depois de todos esses anos nessa indústria vital, vendo de tudo nessa terra do nosso senhor, é redentor quando você tromba gente fazendo um som autoral cheio de entrega. E coisas assim, cheias de sentimento, onde você sabe que tem algo verdadeiro, sempre nos comove.
Como de costume, quando chegamos na Sound ficamos ali na frente tomando umas doses c’os amigos. Tava o Peu, o Sidan, o Ari, a Duda, o Ferraz, o Pugna, a Mya, o Marco Ruiz, o Carloz e vários outros meliantes da cena sorocabana.
O Sound fica numa casa grandona, em uma esquina de uma avenida super movimentada. Tem uma área na frente onde você passa o tempo, toma umas e joga conversa fora enquanto as bandas estão lá dentro armando as paradas pro show. Quando você entra, passa por um corredor e aí já cai na pista do show. E ao lado do palco fica o DJ da noite, no caso, o Luiz Terra, que mandou uma sequência matadora de Pixies, Mudhoney, New order, Bowie e muito mais. Só coisa fina! Classe, Terra!
Lá fora intimamos o Peu e ele contou mais algumas histórias da viagem inesquecível do INI pro Nordeste. Tipo eles pegando a Kombi e usando o gerador pra fazer propaganda em troca de rango e hospedagem. Paaatz!
Quem abriu os trabalhos foi o Medrar. Mya, Ari, Sidan e Zé Guilherme. Ó, tem banda que quando você troca ideia já se liga que tem algo ali. E foi assim com eles. Já conhecíamos os meliantes dos rolês do Rasgada Coletiva, e aí quando vimos todos junto já sacamos que dali vinha zica da braba. E não deu outra. Intensidade e grito desesperado. Mesmo com a voz baixa, era bonito de ver a Mya esgoelando e sentindo ao máximo as canções. Ótimo show gurís! Se liga que bacana o vídeo gravado pela Rosalina. Aqui ó!
Depois foi o La Carne. Um calor da porra e a receptividade absurda do pessoal que batia cabeça e quase derrubava o retorno. Naquela linha tênue que separa você da plateia, das pessoas que acreditam no teu trampo, dos rostos de gente conhecida e desconhecida cantando o seu som, a gente mandava uma e pediam outra. Teve até quem chegou no final e disse que veio de outra cidade. Porra, pra gente que já passou por muita coisa nessa nossa errática história, não tem como não se emocionar.
Um dia o La Carne vai acabar. É da vida, não tem jeito. Mas mesmo quando isso rolar, tem coisas que nunca esqueceremos, tal qual esse dia na Sound em Sorocaba. Na volta pra casa, às 5h da madruga na Castelo, ainda podíamos ouvir as duas bandas falando da gente no meio dos seus shows. Isso não se faz com senhores como nós. E isso é de uma brodagem que nunca seremos capazes de retribuir à altura. A cada show, gente assim salva a nossa vida de um cotidiano avassalador. Thanks félas!
Depois veio o Pugna. O baixista deles tava com uma trêta lá e quem tocou foi o Peu. O show foi tão intenso que nêgo que já tava suado começou a tirar a camisa e urrar a cada final de som. Tavam em casa e mandaram bonito pra cima de quem tava na pista. Som de reponsa e sem mímímí. Mó honra trombar os caras nesse rolê. Marcião Pugna, representou hein mano? Firmeza total!
Eternos deslocados, temos é muita sorte de ter encontrado quem bebe da mesma fonte que a gente. Medrar e Pugna, mais duas bandas pro role nas quebradas do mundaréu. Tâmojunto, trutas!
Por fim, mesmo que a gente não saiba onde tudo isso vai chegar, estamos aí curtindo a viagem e posando pra foto.
Tal como aquela passagem do livro da Patti Smith. Né, Mya?
“..Ora, vamos logo.. são só garotos..”.